sábado, 4 de maio de 2013

A saudação “Salve Maria”

Ave, Maria, cheia de graça. O Senhor é contigo.

Arcanjo São Gabriel, o Anjo da Anunciação. (S. Lucas, I, 28)

Na figura, São Bernardo e Maria Santíssima com seu Divino Filho nos braços.

Esta saudação bíblica torna-se por vezes estranha ao ouvido de quem não a ouve com frequência, principalmente pela mentalidade protestantizada da sociedade em que vivemos.

Porém muito comumente ouvimos os protestantes cumprimentarem-se dizendo "A paz do Senhor" ou outra fórmula equivalente, e esta repetição nos inculca certa preocupação sobre se deveríamos saudar a Cristo, em vez de Maria, pois se supõe que o Filho, sendo Deus, se irritaria ou se zangaria enciumado porque saúdam a sua Mãe em vez Dele. Ora, isso é absurdo. Nenhum filho se ofende porque se cumprimente sua mãe antes que a si.

Já oposto é que é verdade: cumprimentar o filho, deixando a mãe de lado, é que é ofensivo.
Ninguém tem a Deus por pai se recusa ter Maria por mãe.

Boa leitura. Salve Maria!

Ave, Maria! — Ave, Bernardo!

Nada mais suave para os ouvidos de Maria do que a voz de seus filhos, dirigindo-lhe a saudação angélica: esta saudação faz estremecer-lhe o coração, como no dia da Anunciação. O fato seguinte o prova com evidência. O milagre se deu com São Bernardo, um dos mais ilustres servos de Maria.

No meado do século XII existia, nas florestas que separam as Flandres do Brabante, uma ermida de religiosos beneditinos, célebre sob o nome de Abadia de Afligem. Bernardo, percorrendo a Alemanha para pregar a segunda Cruzada, foi descansar alguns dias no piedoso convento. Uma estátua de Maria estava colocada no fundo do claustro, na grande galeria. Maria, com o divino Filho nos braços, parecia olhar com ternura para os religiosos que passavam diante Dela. Bernardo dirigia-lhe a saudação angélica todas as vezes que passava na frente: Ave, Maria! dizia ele.

Um dia, ajoelhou-se aos pés da imagem, repetindo com efusão sua saudação favorita e, no momento em que acabava de dizer “Ave, Maria”, da imagem Maria respondeu: Ave, Bernardo! (Eu te saúdo, ó Bernardo!).

É impossível descrever a impressão que estas palavras produziram nos circunstantes e em particular na alma de Bernardo. Estremeceu, como Santa Isabel no dia da Visitação, quando Maria a saudou: “E donde me vem esta felicidade — exclamou Isabel — que a mãe de meu Senhor se digne visitar-me?” (S. Lucas I, 43).

Sem dúvida, a alma de Bernardo, ouvindo a voz de sua Mãe bem amada, derreteu-se de amor como a da esposa dos cânticos: “Faze-me ouvir a tua voz. Tua voz é tão doce, e delicado teu rosto!”. (Cânticos, II, 14)

Ao retirar-se, o santo abade de Claraval deixou na abadia a parte superior de seu báculo, como penhor de agradecimento. A estátua conservou-se milagrosamente no claustro até o ano de 1580, época em que foi despedaçada, sendo o convento saqueado pelos protestantes. Dos pedaços recolhidos, fizeram-se duas novas estatuazinhas à imitação da antiga. Uma delas venera-se ainda, na igreja dos beneditinos de Termonde.

FRANCISCO ALVES, Livraria. Maria ensinada à mocidade - Pequeno catecismo de Nossa Senhora. 1915. Páginas 100-101.

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